Para além do habitual para a lavagem das mãos

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Image: WaterAid/ Jordi Ruiz Cirera

Em abril deste ano, a WaterAid, a London School of Hygiene and Tropical Medicine e a Parceria Público-Privada Global para a Lavagem das Mãos copatrocinaram o Think Tank Anual de Lavagem das Mãos de 2016. Om Prasad Gautam, Gestor de Apoio Técnico para Higiene da WaterAid para Higiene, e Hanna Woodburn, Diretora do Secretariado da Parceria Público-Privada Global para a Lavagem das Mãos, apresentam novas ideias e os principais tópicos discutidos.

O acordo da ONU sobre o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (SDG) 6, especificamente o Objetivo 6.2, que apela à comunidade global para alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos até 2030, é um grande passo.

Mas se esperamos alcançar este objetivo válido, temos de acabar com a nossa abordagem de manutenção do status quo para dar resposta aos problemas. Especialmente no que toca à higiene, que não foi incluída nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, temos de fazer um balanço do que sabemos sobre a mudança de comportamentos, identificar as lacunas e explorar formas de transformar o nosso conhecimento em ação.

Para atingir estes fins, a WaterAid, a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e a Parceria Global Público-Privada para a Lavagem das Mãos patrocinaram em conjunto o Grupo de Reflexão para a Lavagem das Mãos de 2016, nos dias 12 e 13 de abril de 2016.

O Grupo de Reflexão, realizado anualmente, aborda grandes ideias na mudança de comportamento na lavagem das mãos, com o objetivo de impulsionar o setor. Este ano, foram discutidas três áreas temáticas:

Integração


 

A combinação dos esforços e dos recursos dos setores para alinhar prioridades, estratégias e intervenções de programas semelhantes, mas potencialmente concorrentes, a fim de maximizar os resultados.

Contextos


 

Os atributos que definem o ambiente físico, biológico e social; compreender os próprios ambientes pode ter impacto nas mudanças de comportamento e desencadear a adoção de práticas críticas.

Escala/
sustentabilidade





 

A escala refere-se à capacidade de aumentar a taxa de progresso e expandir a abordagem da intervenção da população-alvo para uma dimensão superior (p. ex., toda a população). A sustentabilidade refere-se à capacidade de uma população-alvo manter uma intervenção ou prática para além da duração de um programa sem necessitar de assistência financeira ou técnica externa.

Os especialistas que exploraram a vanguarda de cada um destes tópicos fizeram breves apresentações, e os participantes cooperaram para identificar lacunas e desafios e articularam a forma como o setor deveria responder.

Temas-chave do grupo de reflexão

Durante os dois dias do seminário, surgiram algumas áreas-chave de consenso.

  1. Integrar a lavagem das mãos nos setores e programas relacionados, como cuidados neonatais, nutrição, educação e saneamento, será essencial para cumprir a Meta 6.2 dos ODS. A integração não só é importante para atingir a dimensão, mas também tem impacto na sustentabilidade.
    No entanto, na prática, isto é mais complexo. Embora a integração da lavagem das mãos em intervenções neonatais de saúde e bem-estar, por exemplo, faça sentido como forma de prevenir infeções mortais, ainda se verifica uma escassez de evidências em torno de fatores-chave: Quais são os tempos críticos? Para quem é que a limpeza das mãos é mais importante nos lares e nas instituições como os serviços de saúde? Como promover a lavagem das mãos quando existe todo um conjunto de comportamentos que são importantes neste contexto?
  2. Desestabilizar o contexto é um conceito importante para a mudança de comportamento. Implica criar na comunidade o desejo de fomentar uma norma social que encoraje, estimule e reforce o comportamento e as práticas de lavagem das mãos. Contudo, os programas de mudança de comportamento que promovem a lavagem das mãos com sabão continuam a enfrentar desafios. Um desenho centrado no comportamento, uma estrutura para avaliar, conceber, implementar e avaliar intervenções de mudança de comportamento, pode permitir que as lacunas sejam colmatadas: – Que "papéis" e "narrativas" podem ser promovidos que não são necessariamente relacionados com a saúde? Por exemplo, existe uma forma de ligação com as mulheres que querem ser exemplos, que gostariam de ser vistas a promover a igualdade e a demonstrar bons comportamentos de higiene. – Qual é a sustentabilidade dos sinais ambientais? Ou seja, até que ponto é possível alterar eficazmente os ambientes físicos e garantir produtos comportamentais (tais como sabão, estações de lavagem das mãos, água), e como pode a vontade social ser desencadeada e continuamente reforçada através de lembretes visuais para a mudança de comportamento?
  3. Garantir que os programas de lavagem das mãos com sabão são sustentáveis e escaláveis exigirá que os responsáveis pela implementação avaliem se todos os intervenientes (por exemplo, sociedade civil, setor privado, governos, organizações comunitárias, etc.) estão representados e são consultados tanto na conceção de intervenções como na implementação de programas, e que os seus pontos fortes são usados para inspirar a colaboração na inovação. Contudo, antes de ser possível alcançar eficazmente a dimensão e a sustentabilidade, devem ser enfrentados os principais desafios para mensurar os programas, incluindo o financiamento para a avaliação a longo prazo e o mecanismo institucional para o reforço do comportamento, e deve ser implementada uma abordagem para explorar as aspirações da população-alvo.
  4. A medição dos resultados da mudança de comportamento foi uma conversa importante e consistente em todo o Grupo de Reflexão. Sabemos que "o que é mensurado é executado". E assim, especialmente com os ODS, é vital que a disponibilidade de estações de lavagem das mãos com sabão e água seja mensurada.

No entanto, o acesso às estações de lavagem das mãos não garante a sua utilização. O comportamento da lavagem das mãos é especialmente difícil de medir com precisão e, como sector, precisamos de continuar a enfrentar este desafio.

Dos factos concretos à ação concreta

Os factos sobre a lavagem das mãos são claros: não só protege a saúde, mas também tem impacto na nutrição, na educação e na equidade. E, além de ser eficaz, é acessível e de baixo custo.

No entanto, apesar dos benefícios evidentes da higiene, muitas vezes não é dada prioridade, desde o nível pessoal até ao nível das políticas. O Grupo de Reflexão sobre a Lavagem das Mãos procurou corrigir esta situação, clarificando a nova forma de pensar sobre a lavagem das mãos e a mudança de comportamento, com base na qual os responsáveis pela implementação podem agir.

Esperamos que o Grupo de Reflexão tenha dado início a importantes discussões em torno de integração da lavagem das mãos, ajustes, escala/sustentabilidade e medição dos resultados da mudança de comportamento que nos ajudarão a aprender de que forma podemos continuar a melhorar a mudança de comportamento na lavagem das mãos e, em última análise, irão desencadear ações.